16 de setembro de 2013

CONSUMO


39 bilhões de reais em alimentos

Por Patrícia Büll - 13/09/2013
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Essa é a projeção de consumo para itens destinados à alimentação dentro do lar no Sul do País até o final deste ano. A alta da inflação e a valorização do dólar não deverão atrapalhar esse cenário. Entenda por quê
Do total de R$ 250 bilhões que serão destinados ao consumo de alimentos em casa por brasileiros de todas as regiões até o final deste ano, 15,6% (ou R$ 39 bilhões) correspondem aos gastos dos Estados de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul. A previsão é da Pyxis Consumo, ferramenta do Ibope Inteligência. E tudo indica que esse cenário deverá se concretizar sem maiores mudanças, apesar da alta da inflação nos primeiros meses do ano, que impacta no poder de compra do consumidor, e do aumento na cotação do dólar, que influencia no preço das commodities.
Uma das razões é que o Sul tem o maior consumo por habitante projetado para 2013: R$ 1.656, ante R$ 1.525 da média nacional. Para Márcia Sola, diretora de Geonegócios do Ibope Inteligência, isso acontece devido a uma combinação de fatores. Entre eles, estão a renda média familiar, de R$ 3.465 – 7,2% acima da média do País – e alguns aspectos culturais, como a descendência europeia. Esses fatores contribuem para um alto consumo de itens mais caros. Na região, os produtos de maior peso na despesa com alimentos são carnes, aves e derivados. Eles representam 32% dos gastos, contra 22% dos de mercearia, cujas categorias básicas – que correspondem ao maior volume de vendas – custam menos.
Embora tenha o maior consumo projetado por habitante, o Sul perde para o Nordeste quando se compara o valor integral dos gastos com alimentação no lar. A estimativa é de que os Estados nordestinos gastem R$ 52,3 bilhões em 2013 – 34% mais do que os R$ 39 bilhões do Sul. "O Nordeste é mais populoso e isso se reflete diretamente no potencial de consumo de alimentos", explica Márcia. Enquanto a população da região reúne 39,6 milhões de habitantes (24,1% da população brasileira), Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul somam 23,5 milhões de pessoas (15% do total). "Ou seja, quanto mais gente, mais consumo. Vale lembrar que os nordestinos foram os principais beneficiados pelos programas sociais e pelo ganho real do salário mínimo nos últimos anos", explica a diretora do Ibope. Mesmo assim, o consumo per capita no Nordeste ainda é 20% inferior ao dos Estados do Sul.
Outro fator que contribuirá para a projeção de consumo no Sul se concretizar é a trajetória de queda adotada pela inflação em julho último. Segundo o IBGE, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 0,26%, ante 0,37% de junho. Alessandra Ribeiro, sócia da consultoria Tendências, explica que houve choque de oferta no primeiro semestre. "Com o cenário mais tranquilo para os alimentos, as variações mensais vão ficar mais brandas", diz ela.
Já Manoel Araújo, sócio-diretor da consultoria Martinez de Araújo, lembra que a desaceleração da economia dos primeiros meses do ano afeta as regiões do País de maneiras diferentes. "O Sul tem uma melhor distribuição de renda, economia diversificada e um varejo mais maduro. Por isso, depende menos da euforia do consumo para crescer", explica.
Segundo o consultor, outro fator que não pode ser ignorado é a importância da agroindústria na região, pois ela influencia a economia de duas maneiras. "Um primeiro efeito é quando ocorrem problemas de safra. Nesse caso, o varejo sente uma queda muito grande de venda. Por outro lado, a expectativa de uma colheita recorde em 2013/14, aliada à forte presença da indústria exportadora, que poderá ser favorecida pelo real desvalorizado frente ao dólar, pode melhorar o emprego e a renda da região, traduzindo- se assim em mais consumo", avalia Araújo. Ou seja, a recomendação é continuar investindo em melhorias de atendimento e outras formas de crescer.
COMO LIDAR COM A INFLAÇÃO
Apesar de a alta de preços ser sazonal, veja dicas do consultor Manoel Araújo para evitar que a imagem da loja seja prejudicada
» Incluir no sortimento itens que tenham boa relação custo/benefício ou aumentar a presença deles no mix
» Avaliar se compensa formar estoque dos produtos que tendem a ter preços elevados em função de sazonalidades. Se for viável, quando os preços cederem, é possível fazer promoção deles
» No caso de marcas líderes, o ideal é não ser o primeiro da região a promover reajustes, pois há risco de ser lembrado pelo público por essa iniciativa
» Mesmo diante da pressão dos fornecedores para reajustar as tabelas, mantenha os investimentos em melhorias. "Renove sempre equipamentos da área de frios, além de reformar e modernizar lojas já existentes", conclui o consultor da Martinez de Araújo
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