RHs estratégicos são apostas de empresas do Nordeste para enfrentar "guerra por talentos", diz pesquisa
Segundo estudo global, gestão de talentos será o mais relevante para empresas brasileiras até 2013
As companhias do Nordeste estão cada vez mais empreendendo esforços para a criação de RHs estratégicos com o investimento na constituição do seu quadro de pessoal, com o intuito de lidar melhor com a "guerra por talentos". A sócia da empresa Ernst & Young Terco Cristiane Amaral afirma que essa é uma das maneiras mais eficazes de dar uma resposta à busca crescente por profissionais qualificados e pela retenção de talentos.
Segundo o estudo Turn Risks and Opportunities into Results - Exploring the Top 10 Risks and Opportunities for Global Organizations, realizado pela Ernst & Young e que aponta os dez principais fatores de risco e oportunidades para os negócios, a gestão de talentos será o fator de maior relevância para as organizações brasileiras até 2013. No ranking global, porém, o quesito aparece em terceiro lugar, com índice de impacto para 2013 de 6,2 - numa escala que vai de 1 (pouco impacto) a 10 (muito impacto). No Brasil, o índice é de 7,5.
E o Brasil não está sozinho nessa "guerra por talentos". A busca por bons profissionais parece impactar a maioria dos setores pesquisados, além dos demais mercados emergentes, como China, Índia e África do Sul. A tendência é que a "fuga de cérebros" não se reverta no curto prazo, mostrando que mesmo a volta de talentos para seus países de origem, registrada por países como China e Índia, não foi suficiente para suprir a necessidade de trabalhadores nesses mercados que crescem em ritmo forte.
De acordo com o estudo, de forma global, a ausência de pessoas com a qualificação necessária é o item que mais contribui para reforçar os riscos relacionados à gestão de talentos nas organizações globais. "Isso se deve, em parte, a problemas históricos no sistema educacional, que não privilegia a formação técnica e a qualificação profissional", afirma Cristiane Amaral. "Outros fatores que dificultam a gestão de pessoas são a falta de foco no gerenciamento de profissionais e a crescente competição global por talentos, especialmente em países emergentes ainda pouco afetados pela crise global. No Nordeste, nossos clientes têm investido muito na transformação de seus departamentos de RH em RHs estratégicos, que recebem a missão de desenvolvimento e formação de pessoas."
Outros fatores que também preocupam as organizações brasileiras, segundo as previsões para 2013, são: regulação e compliance (7,2); inovação tecnológica (7,1); corte de custos (6,8); pressão por preços (6,4); acesso ao crédito, que empata com intervenção do Estado na economia (5,9); risco de mercado (5,7); riscos relacionados à responsabilidade social empresarial (5,1); e, por fim, os riscos associados à economia (4,7).
Ranking global de riscos
Em primeiro lugar no ranking geral das dez maiores ameaças para os negócios está regulação e compliance (6,6), seguido pelo vice, corte de custos (6,3). "A busca por soluções para as recentes turbulências na economia mundial pode alavancar ainda mais o temor em relação à regulação e à necessidade de corte de custos para minimizar o impacto da crise nos negócios. Em contrapartida, os mercados emergentes passam a ser para muitos empreendedores globais uma excelente opção na busca do equilíbrio financeiro dos seus negócios", diz Cristiane Amaral.
Completando a lista, aparecem ainda: gestão de talentos (6,2), pressão por preços (6,0), inovação tecnológica (5,9), riscos de mercado (5,5), intervenção do Estado na economia (5,3), riscos ligados à responsabilidade social empresarial (4,9), lenta recuperação (ou "recessão", com 4,6) e acesso ao crédito (4,3).
Ao comparar as duas listas (Brasil e global), notam-se algumas diferenças nas previsões para 2013. Além de gestão de talentos, a inovação tecnológica, que aparece em quinto lugar na lista global, é, para o Brasil, mais um ponto de preocupação, apresentando índice de 7,1 (terceiro lugar). "A grande causa ainda é a ausência de cultura de inovação e investimentos insuficientes no setor. Porém, no Nordeste, várias empresas têm buscado nos últimos dois anos investir em novas tecnologias para criar diferenciais estratégicos", comenta Cristiane.
O Brasil também difere do ranking mundial quando se trata de acesso ao crédito: enquanto a previsão geral para 2013 apresenta um índice de 4,3, o Brasil tem um índice bem maior, de 5,9. "Apesar de beneficiados por iniciativas recentes de estímulo, nossos principais agentes econômicos ainda se deparam com elevadas taxas e burocracia para a obtenção de crédito. Ainda há espaço para crescimento dos níveis de crédito em relação ao PIB e desburocratização na concessão dos mesmos como vemos em outros países", conclui.
As dez oportunidades
O estudo ainda traz itens destacados pelas companhias globais como as dez maiores oportunidades para os negócios. O Brasil, de uma forma geral, é fortemente impactado pela maioria dos quesitos.
Em primeiro lugar, foi citado pelo estudo a melhora na execução de estratégias dentro da empresa. Nesse ponto, a ação mais bem-sucedida é o fortalecimento da comunicação estratégica. Em segundo, aparecem investimento em processos, ferramentas e treinamento. Investimento em TI aparece no estudo em terceiro. Em ambos os casos, o principal desafio enfrentado por companhias globais é o orçamento insuficiente para atingir seus objetivos.
A lista das 10 maiores oportunidades segue ainda com inovações em produtos, serviços e operações (4º lugar) e crescimento da demanda em mercados emergentes (5º lugar). Neste caso, Brasil, Índia e China - exemplos de mercados emergentes com grande população - contribuem diretamente para as oportunidades encontradas pelas organizações globais. A lista contém ainda investimento em tecnologia limpa (6º), excelência na relação com investidores (7º), novos canais de marketing (8º), fusões e aquisições (9º) e parceria público-privada (10º).
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