18 de outubro de 2011

Executivos X Empresas X Salários.


Os executivos nunca ganharam tanto no Brasil

Os bônus pagos pelas empresas brasileiras praticamente dobraram neste ano e fizeram crescer o time dos executivos milionários


Lucas Amorim
, da EXAME
São Paulo - O ano de 2010 poderia ter sido um tormento para os executivos da Cielo, a maior processadora de cartões do país. Em julho do ano passado, a exclusividade das bandeiras de cartão de crédito com as credenciadoras caiu por terra — como todas as maquininhas instaladas no varejo passaram a aceitar todos os cartões, a concorrência disparou.

Mas nem isso foi suficiente para manter os headhunters longe. Num período de apenas oito meses, oito dos 24 diretores da Cielo deixaram o cargo — uma rotatividade também recorde. A sangria precisava ser estancada.


Por muito tempo, pacotes de remuneração agressivos eram exclusividade de algumas poucas companhias tradicionalmente ligadas aos sistemas de metas e resultados, como a Ambev. Hoje, o sistema pode ser considerado um padrão.
Em geral, as companhias prometem dobrar os bônus caso os executivos consigam ultrapassar as metas, o que costuma acontecer apenas em condições excepcionais. É notável que, em 2010, metade das empresas pesquisadas pelo Hay Group tenha pago a aposta.
“Para as empresas que estabelecem as metas corretas, atrelando o resultado dos executivos ao lucro, por exemplo, pagar mais não é problema”, diz Darcio Crespi, sócio da empresa de recrutamento Heidrick & Struggles. 
Meritocracia
Pode-se dizer que 2010 foi um ano que levou a prática da meritocracia às últimas consequências. Se as empresas crescem mais do que o previsto, todos os executivos recebem um pedaço maior do bolo.
A Localiza, maior locadora de automóveis do país, é um exemplo. No ano passado, seu faturamento superou as expectativas e cresceu 37% em relação a 2009.
Consequentemente, o bônus pago aos 4 530 funcionários também subiu de 25 milhões de reais para 35 milhões. A maior parte, é claro, ficou com o topo da hierarquia.
Cerca de 7 milhões de reais foram divididos entre o presidente Eugênio Mattar e seus cinco diretores estatutários — um aumento de 66% em relação ao ano anterior.
Caso alcance os objetivos previstos para 2011, esse grupo vai dividir um montante ainda maior no início do ano que vem: 11 milhões de reais. Para chegar lá, basta manter o desempenho do primeiro semestre, quando a receita da Localiza cresceu 28%.
O dinheiro para pagar os bônus do próximo ano já está, inclusive, separado pela companhia. “Esse valor vai sendo ajustado ao longo do ano, se percebemos que a meta pode ser ultrapassada até um limite de 130%”, diz Mattar. 


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