2 de maio de 2013

02.05.2013 - 08h04

Sobram vagas. Faltam talentos.

Como dizem, todas as histórias tem 3 lados. A história contada por um, a história contada pelo outro e a real, que é a soma da visão de ambos os lados.
Quantos de nós já não escutamos histórias de empresas que não conseguem preencher vagas pois  “não existem pessoas com o perfil apropriado e nem tecnicamente qualificadas”. Por outro lado, quantos de nós não temos um monte de amigos talentosos que procuram emprego e não encontram as vagas que pretendem?
Quem tem razão? Os dois….. ou nenhum.
Esta semana li uma pesquisa realizada com 38.000 empregadores em todo o mundo onde 34% dos entrevistados afirmaram “ter dificuldade para preencher vagas devido à falta de talento disponível no mercado”.
Esta pesquisa é mundial, mas vou me ater a alguns dados brasileiros por acreditar que eles  são mais importantes para nós neste momento.
Alguns pontos me chamaram a atenção. Dentre os entrevistados, apenas 18% dos empregadores afirmaram que tem como estratégia para corrigir este problema “escolher pessoas que não tenham habilidades para o trabalho atualmente, mas tenham potencial para aprender/se desenvolver”. Um outro dado mostra que 10% dos entrevistados buscam “formar parcerias com instituições de ensino para elaborar currículos alinhados com as necessidades de talentos da empresa”.
Só mais um dado. Prometo. 37% dos empregadores afirmam oferecer oportunidades de treinamento e desenvolvimento complementar ao quadro de funcionários de modo que eles mesmos possam preencher vagas em aberto na empresa.
Muito bem. O que significa tudo isto? Na minha opinião, significa o que já tenho escrito e falado há algum tempo. Falta comunicação. Isto mesmo. Não existe comunicação entre o mercado e as escolas. Não existe comunicação entre a necessidade efetiva de trabalho e aquilo que se aprende. Estes percentuais são muito baixos.
Vemos todos os dias uma série de profissionais muito bem preparados. Mas preparados pra que? Profissionais jovens, bem formados, estudiosos, com pós-graduação, mestrado e outros cursos que chegam ao mercado de trabalho absolutamente “despreparados “ para a necessidade real do mercado de trabalho.
As empresas querem uma coisa. As escolas ensinam outras. Não existe falta de talentos. Eu ao menos acredito que não. O que existe, é que estes potenciais “talentos” estão sendo desperdiçados por uma falta de equilíbrio entre as suas expectativas e possibilidades com aquilo que as empresam querem, precisam e podem oferecer.
As empresas que possuem programas de trainees coordenados e muito bem idealizados sentem muito menos esta falta. E por que? Simples. Elas oferecem aquilo que elas precisam e extraem destes talentos o seu efetivo potencial.
Precisamos conversar mais. Escolas e empresas. Até vejo um movimento neste sentido, mas acredito que seja muito incipiente. Precisamos desenvolver mais parcerias. Precisamos nos ajudar mais e fazer um pouco mais. Treinar mais. Acreditar mais nos talentos, na personalidade, no caráter, na ética, nas atitudes, na comunicação das pessoas, na capacidade de flexibilização dos profissionais. Estes são os diferenciais de um talento. Não podemos acreditar que existem profissionais prontos, simplesmente porque todos nós precisamos reaprender todos os dias, portanto, ninguém está pronto. Nos aprontamos todos os dias de nossa carreira até o último instante. Se você for empregador e procurar alguém assim, acredite. Está procurando a pessoa certa. Se você for o talento e agir assim, acredite. Alguém vai te encontrar e lhe dar uma oportunidade mais rápido que imagina.  Desejo sucesso a todos, empregadores e talentos. Uns não vivem sem os outros.

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