18 de setembro de 2011

Gestão Inteligente no Mundo corporativo


PSICOLOGIA POSITIVA NO MUNDO CORPORATIVO

Executivos e líderes de empresas podem ser multiplicadores de técnicas que ajudam a equipe a sair da zona de conforto e a mudar de atitude.
Embora não tenha sido criada especificamente para o ambiente corporativo, a Psicologia Positiva e sua meta de manter a saúde dos relacionamentos logo foram adotadas por departamentos de recursos humanos das empresas.
Psicóloga à frente da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL),Daniela Levy avalia que essa preferência se justifica pela facilidade que a ciência traz ao trabalho desses profissionais. “Dentro das organizações, leva ao aumento da produtividade dos funcionários, eleva a motivação e diminui o absenteísmo”, afirma.
De acordo com Daniela, quando bem utilizada a Psicologia Positiva chega a se tornar fonte de lucro, pela redução de licenças médicas e faltas, criação de ambiente que incentiva à conquista e fidelização de clientes e à retenção maior de talentos. “Observamos na prática que se reduz também um fenômeno que chamamos de presenteísmo – no qual as pessoas trabalham presentes apenas fisicamente, já que não utilizam ao máximo suas habilidades e estão preocupadas com outras coisas ou com a saúde prejudicada”, salienta.
A Psicologia Positiva busca identificar entre os funcionários as causas de suas ausências, falhas e distrações, que podem ser as mais variadas: doenças (próprias ou em família); problemas no relacionamento pessoal ou com chefe e colegas; insatisfação por baixo salário ou mau aproveitamento, entre outras. “Quando se descobre essa causa fica mais fácil estimular o funcionário a mudar o comportamento”, observa Daniela.
O “segredo” da Psicologia Positiva está em destacar habilidades, virtudes e fortalezas das pessoas, ao invés de seus fracassos e dificuldades, como fazem as ciências tradicionais. Seu criador, o norte-americano Martin Seligman, ressalta a necessidade de as pessoas começarem a agir dessa maneira com as próprias qualidades. Sugere que, antes de dormir, pensem no que conseguiram atingir, em lugar de focar no que deixaram de fazer ou nas tarefas do dia seguinte. “Um dos aspectos mais saudáveis para qualquer indivíduo é reconhecer pequenas vitórias do dia a dia, em vez de ficar só se cobrando”, diz a psicóloga.
Instrumento de bem-estar – Por meio da Psicologia Positiva, é possível avaliar o nível de prontidão de cada um para mudanças. “Existe o que chamamos de zona de conforto em que normalmente as pessoas ficam. Para melhorar atitudes, o ideal é estimulá-las a sair dela, usando técnicas diferentes para avaliar fatores de risco à saúde física e emocional e criar instrumentos de bem-estar”, explica Daniela.
Essa avaliação é feita preferencialmente de forma individual. Em empresas, não existe a obrigatoriedade de aderir à ação, que deve ser voluntária. De acordo com a psicóloga, essa avaliação é feita como se fosse uma “fotografia do funcionário”, e pode ser em papel ou online.
Sessões em grupo podem ser alternativa para tornar o trabalho mais lúdico e incentivar a interação. Nelas, usam-se métodos como dinâmicas, meditação para a mudança da linha de pensamentos, cartas de gratitude – escritas e trocadas pelos participantes – e até música. “Está comprovado que melodias e imagens positivas produzem conexões no cérebro que fazem a pessoa sentir mais prazer e estar aberta a produzir mudanças”, ressalta.
Transmissão – Criada há 12 anos nos Estados Unidos e disseminada em seguida na Europa, a Psicologia Positiva chegou ao Brasil há cerca de três anos, e tem sido praticada em países latino-americanos como Argentina, Venezuela, Chile, México e Peru. No início de dezembro, Daniela Levy esteve em um congresso da APPAL em Buenos Aires, reunindo-se com profissionais que a têm adotado. “Nosso objetivo é congregar pesquisas e estudos não divulgados, que vão sendo adaptados a cada situação e cultura. Um dos métodos com que os profissionais da ciência contam para a transmissão de técnicas são as sessões de Wellness Coaching, pelas quais a teoria é passada para que líderes, gestores e executivos possam multiplicá-la entre os funcionários”, argumenta.
Atividades físicas regulares, alimentação balanceada e abandono de vícios são orientações gerais e servem como ponto de partida para obter uma visão positiva da vida e dos relacionamentos. “Todos sabemos que bons hábitos e qualidade de vida fazem bem também para a mente e permitem lucidez para enfrentar obstáculos com otimismo”, comenta a psicóloga. “Orientamos inclusive para a mentalização de coisas positivas naqueles momentos desagradáveis como estar preso num congestionamento.”
A Psicologia Positiva pode: auxiliar nas relações com família, amigos, chefes e colegas de trabalho; trabalhar autoeficácia e autoconfiança, tornando a pessoa capaz de executar tarefas e atingir metas com mais eficiência; trazer resiliência, ou seja, permitir que se enfrentem as adversidades de maneira fortalecida. “Pesquisas demonstram que pessoas que não usam o lado positivo de suas habilidades adquirem intenções negativas e acabam tratando mal colegas e clientes, falando mal da empresa para amigos, produzindo menos, tendo problemas de saúde física e emocional, dificultando o convívio com os outros”, destaca.
A ciência pode ser aplicada de maneira multidisciplinar por profissionais de diversas áreas, além de psicólogos: médicos de várias especialidades, inclusive do trabalho; nutricionistas; enfermeiros; professores de educação física; fisioterapeutas; e até administradores e economistas, já que dívidas e problemas financeiros estão entre os fatores que mais afetam o desempenho de funcionários.

Nenhum comentário:

Postar um comentário